quarta-feira, 1 de junho de 2011

E porque hoje é Dia da Criança....

Obesidade já afecta 12% das crianças 

Fonte:  Económico
Pediatras alertam para o crescente problema do excesso de peso. Pais têm de ser os primeiros a dar o exemplo.

A saúde materna e infantil tem sido uma das áreas da saúde que mais tem progredido em Portugal. Com a forte queda da taxa mortalidade infantil, Portugal é um dos melhores do mundo, situando-se à frente de países como a Inglaterra, Estados Unidos, Austrália, Dinamarca, Suíça, entre outros.

"A maior conquista foi, sem dúvida, a redução drástica da taxa de mortalidade infantil", afirma o pediatra Paulo Oom. Uma taxa que "representa a probabilidade de uma criança com menos de cinco anos morrer por cada 1.000 bebés recém-nascidos." Este especialista lembra os números anteriores: em 1960 era de 109,2 e em 2009 de 3,7.

Também o pediatra Mário Cordeiro subscreve a mesma ideia. "Nos últimos anos houve grandes avanços a nível do bem-estar dos grupos etários pediátricos, com uma enorme baixa da mortalidade perinatal, infantil (1º ano de vida) e também nos outros grupos etários (crianças e adolescentes), diz.

Para este bom desempenho contribuíram factores como a criação de boas condições nas maternidades, do plano de vacinação adequado e ainda do "empenho de muitos profissionais de saúde, não só pediatras mas também médicos de medicina geral e familiar e enfermeiras", lembra Paulo Oom. A vacinação veio, por exemplo, combater as meningites, que contribuíam para a mortalidade infantil, salienta Mário Cordeiro.

E destaca ainda a "baixa das mortes ocasionadas por acidentes." E ainda a progressiva escolarização e uma maior acessibilidade à cultura e ao desporto por parte de crianças e adolescentes como aspectos que contribuem para o bem-estar.

Obesidade não é tendência. É realidade. O exemplo vem de cima. É frase feita mas não podia estar mais actual. Não há criança que possa ter uma alimentação saudável se os pais - ou educadores - não a puserem em prática. "Culpam-se as cadeias de fast-food, mas o pior é quando a casa de cada um é, ela própria, o pior que esse tipo de comida pode ter", diz Mário Cordeiro.

"A obesidade afecta hoje mais de 12% das crianças entre os dois e os cinco anos e o excesso de peso (categoria anterior à de obeso) está presente em mais de 30% dos jovens portugueses e em 50% da população", revela Paulo Oom. Este é um tema que já é uma realidade e que só pode aumentar, caso não se tomem medidas drásticas agora.

Mário Cordeiro elogia o plano de alimentação das escolas públicas, desenvolvido por nutricionistas, mas critica os hábitos alimentares diários em casa dos portugueses. Há "excesso de gordura animal (da carne e do leite) de fritos, calorias, ausência de legumes, excesso de refrigerantes e colas e pouca água, muitas bolachas mas pouco pequeno almoço... enfim erros que conduzem à obesidade e a outros problemas do estômago e cólon e do corpo em geral." Este especialista reforça a ideia que o excesso de proteínas animais conduzem a problemas renais em idades precoces, além dos problemas cardiovasculares das gorduras da carne e dos fritos ou a diabetes.

E se, a acrescentar a uma dieta desequilibrada, se juntar um estilo de vida sedentário e a tendência familiar, tudo se complica ainda mais. "De nada serve dizer a pais obesos que o filho é obeso e que precisa de alterar a sua alimentação e estilo de vida se os pais não estiverem dispostos a o fazer também."

A prevenção dos acidentes, segundo Mário Cordeiro, "continua a ficam aquém do desejável, porque falta interiorizar uma cultura de segurança." Mas há um conjunto de outras preocupações quando se fala em saúde infantil: divórcios, famílias reconstituídas, mudança de escola ou de local de residência e respectivo desenraizamento, carências em alguns sectores da sociedade, o lidar com as novas tecnologias com bom-senso, como sublinha o mesmo especialista. Sem esquecer "o excesso de bens contrastando com ausência de regras, limites e empatia, que fazem de mutas crianças pequenos ditadores, narcísicos e omnipotentes que darão, no futuro, pessoas infelizes que farão os outros à sua volta, infelizes também", explica Mário Cordeiro.

Já Paulo Oom debate-se diariamente com o problema da insegurança de muitos pais sobre a forma de educar os seus filhos. Independentemente do que a motiva, a insegurança é assunto de conversa em muitas consultas de pediatra, garante o especialista. "Os pais devem ser ajudados nesta área, sob pena de estarmos a criar uma geração completamente impreparada para lidar com as adversidades que a vida lhes vai colocar à frente", diz. 





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