quarta-feira, 11 de maio de 2011

Fast food

Filme mostra os malefícios do "fast food"

Rodrigo Zavala  
Comer todos os dias hambúrgueres com batatas fritas pode ser o sonho de muitas crianças, não só nos Estados Unidos, mas em grande parte do mundo. No entanto, as consequências desse tipo de dieta podem ser catastróficas, como fica provado no documentário "Super Size Me", do americano Morgan Spurlock.
Durante um mês inteiro, o diretor comeu frente às câmeras três refeições saídas diretamente do restaurante McDonald's, apesar da consternação dos médicos que acompanharam toda a dieta. "O filme é a jornada pelo mundo dos problemas de saúde gerados pelo ganho de peso e pelas cadeias de fast food", afirmou.
Spurlock confessa que teve a idéia de fazer tal documentário a partir de uma série de reportagens televisivas sobre a epidemia de obesidade na América. "Tudo levava a crer que nós, assim como o resto do mundo, subitamente tivéssemos assumido a postura do gordo feliz", criticou.
Um levantamento feito nos EUA mostrou que 13% das crianças de entre 6 e 11 anos e 14% dos adolescentes entre 12 e 19 tinham sobrepeso. A manutenção do padrão de inatividade física e erro alimentar mostrou que o sobrepeso e a obesidade atingem entre 30% a 35% das pessoas com idade abaixo dos 30 anos. E esses dados estão desatualizados. "Eu assisti a inúmeras crianças obesas e incontáveis famílias que saíam para comer fora, noite após noite, entupindo-se de pizza e hambúrguer", lembrou.
Segundo Spurlock, parte da culpa recai sobre a técnica publicitária, desenvolvida para seduzir e condicionar crianças. No McDonald's, por exemplo, o palhaço é o símbolo de divertimento nos parquinhos coloridos das lojas, além de aparecer sempre nos comerciais. Um fato curioso no filme é o teste que o diretor faz para provar a presença de Ronald na memória das crianças. Quando mostra fotografias para as crianças, que reconhecem, sem titubear e com sorriso no rosto, o palhaço, confundem Jesus Cristo com George W. Bush.
E o assunto está bem longe de ser restrito apenas aos Estados Unidos, como advertiu o próprio diretor. Em março deste ano, em Genebra (Suíça), ministros da Saúde do mundo inteiro chegaram a um acordo para que a Organização Mundial da Saúde (OMS) aprove uma estratégia para o combate da obesidade - principal causa do aumento das doenças cardiovasculares e de diabetes - que defende a redução da ingestão de açúcar.
Entre as principais recomendações do documento apresentado estavam: diminuição de açúcar, sal e gordura em alimentos industrializados; controle da propaganda de alimentos para crianças; aumento das informações nutricionais nos rótulos de produtos; fiscalização sobre as qualidades anunciadas nas embalagens; investimentos em programas de educação sobre a saúde. "É uma cultura que começa logo no berço e continua por toda a vida adulta. Isso é um absurdo. E os resultados podem ser vistos nas ruas".
Quando questionado sobre a clara idéia de que comer um mesmo alimento durante um mês inteiro também é prejudicial, Spurlock é enfático:" Se você comer todos os dias brócolos, também poderá ficar doente. Mas os agricultores não falam todos os dias para você comer o vegetal, não criam parques, desenhos ou brinquedos. Muito menos falam que brócolos é uma refeição."
Durante o documentário, o espectador verá a equipe do diretor perguntar a 100 nutricionistas qual é a média saudável para comer esse tipo de alimento, seja ele McDonald's, Bob's, Burguer King ou Taco Bell. Todos afirmam que a média deve ser no máximo duas vezes por mês.
A nutricionista brasileira Carolina Sayad, uma das profissionais do Hospital Sta. Isabel, em São Paulo, é da mesma opinião. "Esses alimentos são ricos em gorduras, conservantes, corantes, além de serem extra calóricos. Mesmo as saladas não se comparam, em termos nutricionais, as que fazemos em casa", analisa.
Depois de um mês se alimentando desse tipo de "refeição", Spurlock apresentou hipertensão, problemas no fígado, estômago e fortes dores de cabeça causados pelo excesso de açúcar. Além disso, em menos de 30 dias já havia superado seu peso em mais de 10 quilos. "Tudo o que eu queria era que essa experiência chegasse ao fim", alegra-se o diretor, que depois de um ano, voltou ao seu peso normal. 

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